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Vida noturna do Alto Minho “bate no fundo”

Rádio Alto Minho

18 Março 2017, 13:00

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Traçar o retrato da vida noturna no distrito de Viana do Castelo foi o objetivo da reportagem que a Rádio Alto Minho realizou junto de atuais e antigos empresários de estabelecimentos de diversão noturna.

Perceber a evolução da noite nas últimas décadas, saber o que mudou no perfil de quem frequenta os espaços de diversão noturna, identificar os principais problemas que afetam o setor, as soluções e as expetativas em relação ao futuro, foram a motivação para este trabalho.


Poderá ouvir aqui na integra a reportagem emitida na RAM:



A viagem ao mundo da diversão noturna começou, em Viana do Castelo, na frente ribeirinha da cidade. Insomnia Club Terrace, instalado no complexo turístico da marina abriu portas no final de 2016 apostado em dar “nova movida” à capital do Alto Minho.



Rafael Barros, dj e um dos responsáveis pelo projeto, considera que a vida noturna “caiu fundo, está muito danificada, muito degradada, sem ‘glamour’ e sem qualidade”.

“Está em decadência, sem dúvida alguma. Apesar de ser uma altura do ano menos forte, a noite está bastante pobre”, sustentou. O empresário apontou “a concorrência desleal e o incumprimento dos horários de funcionamento dos estabelecimentos noturnos” como os principais problemas do setor.

“Andamos a tentar de tudo para que Viana volte a ter a noite com alguma qualidade. Como caímos tão fundo é difícil arrastar ou tirar as pessoas de casa para se habituarem a ter outra rotina”, frisou.

Considera que uma das soluções para os problemas que apontou passa pela “união” de empresários e de todos quando estão envolvidos com o setor. “A união faz sempre a força contudo não passa só pelos empresários da noite”, disse.



Mais a norte, em Caminha, concelho conhecido por ter uma noite forte e por atrair muitos dos jovens da capital do Alto Minho, Francisco Rocha do Clube Alfândega considera que os problemas começaram há muito com a desertificação das aldeias e cidades portuguesas e acentuou-se, nos últimos anos, com “a falta de consciência dos agentes de negócio”.



“Os restaurantes tentam canibalizar o horário dos bares, os bares tentam canibalizar os horários das discotecas e acabamos por andar numa guerra pegada, entre todos, nunca ninguém vai sair a ganhar. Não se vê perspetivas de uma melhoria a curto prazo”, afirmou o empresário.

Francisco Rocha defende a necessidade de readaptação da legislação que regula o setor, sobretudo o valor das taxas aplicadas ao funcionamento das discotecas, desvalorizando a questão dos horários, muito contestada.  “São aplicadas as mesmas taxas em Lisboa e em Caminha e são realidades completamente diferentes. Para uma casa que trabalhe em Caminha ou em Viana não é muito fácil o suportar os mesmos custos que suporta uma casa que trabalhe em Lisboa. São duas realidades diferentes. Por um lado, temos Lisboa com quatro milhões de potenciais clientes e, por outro, o distrito de Viana com 200 mil”, especificou.

O empresário do Clube Alfândega considera ainda que os horários de funcionamento “não estão mal”, o que é preciso “é que sejam cumpridos”. “Não sou daquelas pessoas que estão constantemente a dizer que os horários estão mal. Os horários até podem estar bem mas se não forem cumpridos pelos agentes de negócio e se as autoridades não os fizerem cumprir, nada feito. As Câmaras legislam e aplicam novas regras e depois vemos, a toda a hora, que não são cumpridas e torna as coisas muitos difíceis”, disse.

Defendeu que os problemas que afetam setor podiam ser minimizados com uma melhor relação entre os empresários e “com maior intervenção das entidades locais”, que deveriam fazer “mais fiscalização”.



De regresso a Viana do Castelo, em pleno Centro Histórico, o empresário que explora o bar com o mesmo nome não é tão radical quanto ao estado da noite. Paulo Sérgio diz que “desceu um bocadinho” porque “as pessoas têm saído de Viana” mas considera que ainda assim, “na zona histórica ainda se vai vendo gente”.



“As pessoas agora já não saem até tão tarde. As discotecas não existem por falta de gente. Não é por causa dos horários mas sim porque as pessoas estão a mudar os seus hábitos. No país passa-se o mesmo, no Porto, em Braga e noutras cidades”, afirmou.

Manter o trabalho e o empenho e pensar sempre de forma positiva são as soluções que apontou para tentar contrariar a situação atual do setor e para “fazer com que as pessoas saiam”. “As pessoas estão a sair menos porque mudaram os seus hábitos”, referiu.



Empresário da velha guarda, responsável pela exploração de vários bares e discotecas de Viana a Caminha José Enes, no jeito direto que lhe é conhecido, apontou baterias, lançou críticas duras e definiu o estado atual da vida noturna.



“A vida noturna em Viana do Castelo está moribunda ou morta. A razão principal prende-se com o não cumprimento de horários”, disse. José Enes lembrou que a Câmara de Viana do Castelo publicou a 03 de fevereiro de 2016 os novos horários e criticou o facto de “não os fazer cumprir”.

“A Polícia diz que a culpa é da Câmara, a Câmara diz que a culpa é da Polícia e de cada vez os bares fecham mais tarde e as discotecas acabaram. A seguir vão os bares e depois, possivelmente, os cafés”, sublinhou.

Para o empresário a vida noturna de Viana do Castelo tem que funcionar tal como em Caminha e Ponte de Lima. “Isto tem que funcionar como em Caminha e Ponte de Lima onde trabalham quatro horas cada. Os bares fecham entre as 02:00 e as 02:30 e as discotecas fecham às 06:00. Isto acontecia antigamente em Viana”, realçou.

Explicou que “as discotecas acabaram em Viana porque ninguém está à espera até às 05:00 que cheguem os clientes”. “Assim morrem as cidades. Devemos ser a única cidade no mundo que não tem uma discoteca”, disparou.

Questionado sobre se a união dos empresários do setor poderia ajudar ultrapassar os problemas apontados, respondeu: “As uniões são muito giras. Viana é um meio mesquinho e todos puxam a brasa para a sua sardinha. Isso é completamente impossível”.

Sobre o futuro não se mostrou muito otimista: “Cidade onde não há noite, não há dia, isso é sagrado.



Para António Pita Guerreiro, que explorou várias casas de diversão noturna em Caminha e Vila Nova de Cerveira a questão da noite “é delicada” e não afeta só do Alto Minho.



“Tem a ver com horários, disciplina de funcionamento e liberalização de casas que não sendo discotecas, bares e restaurantes ocupam, em parte, do horário de funcionamento de outras casas. Vai-se criando uma confusão que se vai generalizando e depois nenhuma delas funciona. Há alguma desordem”, apontou.

Lembrou que até 2011, os Governos Civis é que tinha a competência de disciplinar o setor, mas com a extinção daqueles organismos do Estado, essa missão passou para a alçada das Câmaras Municipais, “sendo que as Câmaras Municipais em espaços geográficos muito contíguos impõem regras de funcionamento diferentes, o que baralha todo o modo de funcionamento da noite”.

“Viana tem horários diferentes de Caminha, Caminha tem horários diferentes de Vila Nova de Cerveira e por aí fora. Há alguma anarquia no modo como tudo isto está a funcionar”, explicou.

Defendeu a necessidade de “haver entendimento entre os vários municípios, de serem Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional a disciplinar, e a nível nacional, de serem criados regulamentos, muito claros, sobre o modo de funcionamento e as exigências de cada espaço”.

“Não se pode deixar um bar trabalhar como uma discoteca sendo que uma discoteca tem padrões de exigência, legais e licenças completamente diferentes dos que são estabelecidos para um simples bar, tendo horários muito sobrepostos”, sustentou.

“Não é possível um bar estar a funcionar até às 04:00. Ninguém vai para uma discoteca às 04:00. Nem é desejável. O horário de funcionamento das 04:00 às 06:00 não existe. Por isso, Viana não tem nenhuma discoteca neste momento”, adiantou.

Para o antigo empresário, “a segurança ou falta dela é um falso problema que não explica os problemas com que se debate o sector”

“Existe alguma falta de policiamento fora dos estabelecimentos. É importante para a disciplina e bom funcionamento da noite mas não me parece ser a questão fulcral”, afirmou.


Poderá ouvir aqui na integra a reportagem emitida na RAM:


Foram ainda contactados outros empresários e ex-empresários de espaços de diversão noturna no Alto Minho contudo, não atenderam ou não quiseram manifestar publicamente a sua opinião sobre este tema.

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