Na intervenção, Carlos Meira, que já no congresso de 2018 tinha tecido duras críticas Assunção Cristas, acusou a ainda líder do partido de “não respeitar as bases do partido”.
“Você não respeita as bases, acha que é dona disto, e não é. Saia e vá para casa, precisamos de gente que tenha coragem de defender o povo. Não queremos elites. Levou o recado merecido do povo português”, disse Meira, referindo-se aos resultados “desastrosos” das eleições legislativas de 06 de outubro.
Nas legislativas do passado dia 06, o PS recuperou o terceiro deputado pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo que tinha perdido em 2015 para a coligação PSD/CDS-PP.
No distrito de Viana do Castelo, com uma média de 231.568 residentes em 2018, o PS foi o partido mais votado, com 34,78% dos votos e três mandatos. Com os resultados das 208 freguesias do distrito apurados, o PSD ficou em segundo lugar, com 33,8% dos votos e três deputados eleitos.
O agora candidato à liderança do CDS-PP pediu ainda “respeito por quem trabalha todos os dias pelo partido”.
“Somos nós que damos a cara pelo partido, somos nós e não vocês que estão em Lisboa a mandar umas postas de pescada. Trabalhamos diariamente e fazemos tudo pelo partido da nossa terra e vocês pisaram-nos e pisaram as bases de Viana do Castelo. Esse foi o problema. A derrota foi muito bem merecida. O povo deu um sinal claro que não quer gente de Lisboa a liderar as nossas listas”, reforçou.
Para Carlos Meira, neto de um ex-deputado do Estado Novo, existe “um grave problema” no CDS-PP que foi “fundado para defender o povo, mas que se esqueceu do essencial, defender o povo”.
“Vocês só vão às freguesias para beijar o Manuel e a Maria, porque fica bem e é bonito para as fotografias. As pessoas estão fartas disso. Precisamos de ser sérios. Só se veem pseudointelectuais que falam de tudo e mais alguma coisa, e o resto? Falta-nos vida, falta-nos contacto real com o povo”, sustentou.
Dirigindo-se ao presidente da mesa do conselho nacional, Carlos Meira disse ser “uma falta de respeito e consideração” marcar aquela reunião para “um dia de semana e de trabalho”.
“Levantei-me às 06:00 e andei 300 quilómetros para estar aqui. A esta hora (cerca das 02:00) ex-deputados e vice-presidentes já se foram embora, foram para casa descansar e, nós que fizemos 300 quilómetros, estamos toda a noite para poder fazer”, referiu.
Em março de 2018, durante a intervenção que proferiu no congresso do partido em Lamego, de dedo em riste virado a Assunção Cristas, o ex-presidente da concelhia do CDS-PP de Viana do Castelo acusou a ainda líder do partido de “falta de respeito” pelo Alto Minho.
“Sei que vai levar a mal o que lhe vou dizer mas digo-lhe olhos nos olhos porque não tenho medo. Não vivo disto graças a Deus. Respeite mais o nosso distrito. Há uma coisa que os nossos deputados e nossos dirigentes têm de perceber: o partido não é deles. O partido é nosso. É das bases. E as pessoas, hoje estão com medo de dizer o que se passa nas concelhias e nas distritais, afirmou.
O conselho nacional do CDS-PP para marcar o congresso da sucessão de Assunção Cristas demorou seis horas e meia e terminou hoje de madrugada.
Na reunião, foi aprovada a realização do 28.º congresso nacional do CDS para 25 e 26 de janeiro de 2020, em local ainda a definir.