Miguel Alves toca a rebate para mobilizar Alto Minho contra o lítio

O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, convocou hoje o Alto Minho para uma luta "feroz" a travar "até à última gota de sangue" contra a eventual prospeção e exploração de lítio na Serra d'Arga.

“As câmaras não têm como garantir que não existirá prospeção e exploração de lítio. As câmaras municipais têm capacidade de garantir que lutarão para que isso não aconteça até à última gota de sangue. O Estado português é que terá de tomar essa decisão. Não estou a ver, qualquer Governo, qualquer um que esteja à frente de um Governo tomar uma posição contra toda a população”, afirmou o autarca socialista.

Miguel Alves falava no salão paroquial de São Lourenço da Montaria no encerramento de uma sessão da apresentação do  projeto “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora” que envolve os concelhos de Caminha, Viana do Castelo e Ponte de Lima, e que tem como objetivo final a classificação daquele território como Área de Paisagem Protegida de âmbito regional.

Miguel Alves disse que a Câmara de Caminha foi notificada, na segunda-feira, por carta, pela Direção Geral de Energia e Geologia, para se pronunciar sobre o concurso de prospeção e exploração de minérios no âmbito do concurso anunciado em maio pelo Governo”.

Segundo Miguel Alves, no âmbito daquele concurso,  também as Câmaras de Vila Nova de Cerveira, Paredes de Coura, Viana do Castelo e Ponte de Lima.

“O melhor é que tenhamos uma posição articulada. Sugiro uma reunião, rapidamente, entre as cinco câmaras municipais para termos uma posição comum, para percebermos que é uma questão comum às nossas populações, no sentido de preservar a Serra d’Arga. Temos aqui uma mina, mas da biodiversidade”, alertou.

Interpelado por vários elementos do movimento cívico SOS Serra d’Arga que marcaram presença na sessão, Miguel Alves apelou à mobilização de todos, “população, associações e movimentos cívicos” na contestação que se adivinha “difícil” e para qual pediu “racionalidade e inteligência”.

“Vamos ter de fazer um debate com o Estado português e com empresas internacionais com grande poderio. Não vai bastar a nossa vontade e o nosso amor à Serra d’Arga”, reforçou, garantindo que “Caminha nunca aceitará que um valor menor seja o substituto de um valor maior que é biodiversidade, cultura, as pessoas”.

Miguel Alves adiantou que, “se as cinco autarquias estiverem juntas, as populações juntas e o discurso for certeiro, será muito difícil” o Alto Minho “ser batido, seja pelo lítio, seja pelo que for”.

Na abertura da sessão, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, que o projeto intermunicipal “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora”, vai permitir a “fundamentação técnica e científica, por entidades insuspeitas” da contestação à prospeção de minerais”.

“Nós não estamos de acordo. Este é um trabalho sério que vai sustentar a fase seguinte para que este espaço seja de eleição. É uma área não se coaduna com outras atividades”, reforçou José Maria Costa.

O autarca socialista destacou “o elevado valor paisagístico e a importante componente de biodiversidade” daquele território que classificou de “pequena jóia um pouco escondida da ribalta” e a que os três municípios querem “dar luz e visibilidade”.

“Desconhecia-se o alcance e qualidade da biodiversidade. Este trabalho não pode estar arquivado nas prateleiras das câmaras municipais. Tem de estar disponível a todos”, disse José Maria Costa.

Presente naquela sessão, o vereador do Ambiente da Câmara de Ponte de Lima (CDS-PP), Paulo Sousa referiu o município se opõe a uma eventual prospeção e exploração de lítio, advertindo que “o parecer emitido pelas câmaras municipais não é vinculativo” .

“Nós estamos a favor da preservação e lutaremos todos em conjunto e unidos com os cidadãos, contra a prospeção ou exploração de lítio”, reforçou.