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Opinião: UM POVO CULTO É UM  POVO LIVRE

José Luís Carvalhido da Ponte

10 Agosto 2021, 9:00

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Citando Einstein, no texto anterior, “A urgência de sabermos apalavrar a realidade”, dizia que “o universo de cada um resume-se ao tamanho do seu conhecimento” e que o conhecimento tem a dimensão do nosso universo vocabular.

Nem de propósito, ao percorrer a nossa Rua da Bandeira, deparei-me com a seguinte expressão, grafitada num breve muro branco, suspeito que à revelia dos donos deste: “um povo culto é um povo livre”.

Partindo da minha leitura desta frase, que penso ser a leitura correta, estou todamente de acordo.

Com efeito, quanto maior for o nosso vocabulário e quanto mais alargada for a sua compreensão, pois não é suficiente o seu papaguear, mais competências nos assistem nos diálogos, mais reforçados saímos nas “disputationes” com os nossos pares e mais funcionamos fora das nossas, às vezes herméticas, torres de marfim.

Educar, do verbo latino “educare” “significa conduzir para fora de”. Educador era, assim, o homem que conduzia os rebanhos para fora do redil e os levava até aos pastos. Por metaforizações sucessivas, passou a chamar-se educar ao ato de retirarmos a criança do seu círculo fechado de família e a introduzirmos nos repastos culturais e recreativos da sua rua, da sua aldeia, da sua cidade, do seu país, do mundo. Fazemo-lo através das creches, dos Jardins, da catequese, das escolas, das associações, dos espetáculos de teatro e de bailado e de música, dos livros, dos filmes, do desporto, das viagens. Através da sua intervenção no devir da “pólis”. É de Tomás de Aquino, doutor da Igreja Católica, a expressão “timeo hominem unius libri”, que nos avisa que devemos temer o homem que apenas se rege por uma cartilha, quer ela seja religiosa, política, cultural ou outra. É que tal homem será um ditador.

Se lançarmos uma pedra a um lago de águas quietas, ela vai originar uma série de círculos circuncêntricos. O centro é sempre a criança e os círculos são todas as aculturações que vai recebendo, e a vão construindo, através do seu percurso, que nós somos nós e a nossa circunstância. Nós somos a nossa viagem.

Quanto mais diversa for a nossa viagem, mais livres seremos de ditaduras, de abusos, de jogadas engenhosas pois, mesmo presos como Dédalo e Ícaro nos labirintos da nossa envolvente, não desistiremos de sonhar a fuga já que “os encarcerados nunca aceitam o presente como definitivo” (John Berger, Entretanto). E isso é uma postura de homens livres.

Claro que o homem culto, logo livre, não intrusa abusivamente o espaço alheio, como o fez quem grafitou a parede branca da Rua da Bandeira. Um povo culto pode ser irreverente e jogar fora de todas as caixas, mas respeita sempre o Outro. Ou não é, efetiva e visceralmente, culto.

 

José Luís carvalhido da Ponte

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