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Opinião

A IMPORTÂNCIA DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO, QUALIFICAÇÃO E PROMOÇÃO INTERNACIONAL DO MINHO

Antero Filgueiras

15 Julho 2021, 9:00

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Antes de tudo o mais a grande questão que importa colocar é: mas afinal qual é a “matéria-prima” indispensável ao Turismo, entendido enquanto indústria da paz e da ocupação dos tempos livres com lazer e bem-estar?! E aí voltamos nós à lei de Lavoisier: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Que o Turismo é uma relevante alavanca de desenvolvimento de qualquer território, isso é algo que já todos há muito sabemos; já se o Turismo tem sido encarado como uma importante alavanca estratégica de desenvolvimento e promoção do MINHO, isso já é uma outra questão e aí é que gravitam assinaláveis dúvidas.

Mas comecemos pelo “princípio das coisas”, para tornar tudo isto muito racional e objectivo. Imaginemos que a região, através das suas 3 CIM’S, mandava realizar um estudo de opinião onde seria perguntado a todos os minhotos o que entendem por turismo; o que é um turista; qual a importância7relevância e impacto do turismo no MINHO para os seus índices de felicidade relativa e níveis de desenvolvimento sócio cultural; quais os reais impactos nas finanças dos cidadãos. Mas porque será que não conhecemos nenhum estudo de opinião sobre o Turismo no MINHO?!

É incontornável que o Turismo – a economia do turismo -enquanto relevante sector de actividade económica no MINHO é e continua a ser uma “indústria” relativamente jovem, muito incipiente e deveras frágil às mãos de gente pouco dada a pensar no futuro, e que apesar dos milhares de linhas que sobre ele se tem escrito (para já não falar dos milhões de bitaites produzidos) o seu real impacto no desenvolvimento sócio-económico da região é deveras muito modesto. Tal como no teste do algodão, aqui os números não enganam. E como se provou em tempos de pandemia, ainda bem que a economia do turismo não tem um peso muito marcante no computo geral da

Apesar da reconhecida e indiscutível importância do Turismo, enquanto alavanca estratégica do desenvolvimento, qualificação e promoção do Minho (e sobre a marca MINHO falaremos em intervenções mais adiante) constata-se uma quase total incapacidade política em suprimir/eliminar alguns dos muitos pontos fracos, que teimosamente continuamasfixiar e atrofiar a tão desejada quão necessária qualificação e valorização do sector. Mas afinal quais são afinal os ditos “Pontos Fracos” do Turismo do MINHO?! Apenas alguns dos mais óbvios:

  1. Inexistência de um diálogo concertado em benefício de um objectivo comum- o Minho,
  2. Modelo de desenvolvimento económico com manifesta ausência de um posicionamento de nível premium;
  3. Total ausência de uma estratégia integrada, clara e assumida, capaz de conferir uma outra visão e ambição ao destino/produto turístico;
  4. Insuficiente (para não dizer medíocre) exploração do potencial dos recursos turísticos marinhos e até mesmo costeiros numa perspectiva integrada, passível de constituir uma rede;
  5. Património (cultural, histórico e religioso) há muito a necessitar de um articulado projecto de recuperação e conservação;
  6. Teimosa mania na negativa praxis do “orgulhosamente sós no nosso campanário”, completamente à margem da região natural que é o Minho;
  7. Potencial da internet/digital incipientemente explorado;
  8. Comprovada incapacidade de produzir um planeamento territorial harmonioso, com incontáveis benefícios para o plano ambiental e turístico;
  9. Imagem do MINHO excessivamente identificada com as Festas e Romarias, excursões “low cost” e mau campismo;
  10. Muita oferta na restauração, mas tudo muito igual e de medíocre qualidade, a começar pelo híper amador serviço de mesa e cozinha;
  11. Comércio envelhecido e sem atractividade;
  12. Total incapacidade política, por manifesta falta de profissionalismo, em atrair eventos de comprovada qualidade;
  13. Atracção pelo vulgar, traduzido em “muita parra e pouca uva” e a uva que tem é quase sempre de duvidosa ou nula qualidade;
  14. Receita média por turista comprovadamente baixa.

Mas tudo isto e muito mais é culpa/responsabilidade de quem muito objectivamente?! Tenho para mim que o poder político por um lado e os agentes económicos do sector directamente envolvidos no fenómeno turístico por outro, são, sem dúvida, os únicos “implicados” no manifesto insuficiente desempenho do sector. O movimento tem sido “cada um por si e Deus por todos” e assim, comprovadamente, o MINHO nunca poderá sonhar com o lugar a que legitimamente pode aspirar.

Obviamente que quando o “motor está gripado”, tudo o mais raramente ou nunca funciona. E quando a esmagadora maioria das forças políticas e entidades representativas da dita sociedade civil concluem que há um manifesto excesso de “municipalizações” – uma forma de esmagamento político das indispensáveis dinâmicas privadas, não concorrendo para a unidade e sua afirmação – tudo concorre para complicar ainda mais o normal desenvolvimento do sector. Mas, a bem da verdade, importa deixar aqui uma nota negativa aos principais actores económicos privados, pois não têm querido nem sido capazes de sair da sua aparente egoísta “zona de conforto”, criando e desenvolvendo um diálogo transversal numa perspectiva de rede. Um cenário que é por demais evidente em múltiplas situações, que aqui não cabe ilustrar.

Para que não restem dúvidas e não haja lugar para interpretações menos sérias sobre as palavras que ora aqui deixo, importa recordar que o sector do Turismo para ser de verdade uma importante “mola económica” na região Minho – algo de relevante ao serviço da valorização do território e de um transversal desenvolvimento de todo um território – obrigatoriamente teria de ser percebido como aquilo que de facto é em várias regiões-marca da Europa: dinâmico Cluster, integrado por um vasto conjunto de actividades económicas organizadas e estrategicamente operacionalizadas, ancoradas num plano estratégico estruturante, tendo como principais objectivos: a valorização do território, geração de valor acrescentado, qualificação de recursos humanos, produção e realização de eventos diferenciados e capazes de mobilizar públicos-alvo com bons rendimentos……tudo devida e solidamente articulado e a concorrer para a excelência de um produto de marca, capaz de atrair, receber, acolher e proporcionar agradáveis experiências, passíveis de contribuir para elevar os índices de felicidade humana nas pessoas que viajam e visitam o Minho e elevar consideravelmente a sua modesta notoriedade.

Pensemos no notável exemplo da Suíça e saibamos ter a inteligência, sensibilidade e bom gosto de o aplicar à região Minho.

É mais do que chegado o tempo de o Minho ser uma competitiva marca com marca, no contexto da oferta de turismo de regiões, em contexto nacional, ibérico e europeu; um produto distinto e diferente, capaz de atrair, seduzir, enfeitiçar, apaixonar uma clientela premium; capaz de criar as condições objectivas e subjectivas destinadas atrair eventos de dimensão e prestígio internacional e não se ficar por meras feiras e feirinhas medievais e outros “exercícios folclóricos” de duvidoso interesses e real  impacto para o sector. Mas para que tal aconteça é inevitável que o poder político se sente na “mesa oval” e definitivamente faça aquilo, que há muito se reclama para ser feito (desde 1989) e que passa pela adopção de outras atitudes e opções políticas e de umas quantas medidas, tendentes à criação de uma grande Parceria Público-Privada, que aqui não cabe desenvolver, mas as quais estão nos antípodas de quase tudo o que foi realizado até à data

Em síntese:

Considerando ser mais que óbvio e conhecidas as consideráveis diferenças entre criação de condições para atracção de investimento industrial, IDE na produção de bens transaccionáveis e Turismo, defendemos que deverá ser um imperativo estratégico municipal colocar, eleger e elevar o sector do Turismo, enquanto indiscutível alavanca qualitativa, ainda que complexa, de múltiplas plataformas de serviços e actividades económicas, o que per si compreende uma vasta listagem de qualificações.

Por outro lado, é hoje inquestionável que para o MINHO é a “última chamada”, para um tempo de oportunidade e de inovação, o qual deverá estar plasmado de forma muito evidente e objectiva nas suas políticas públicas, fazendo para tal um substancial corte com o modelo ora em vigor. E nesse exacto sentido impõe-se definir uma completa “separação de águas”, sem que para isso haja necessidade de haver lugar a quaisquer rupturas no diálogo público-privado, que naturalmente urge alargar e aprofundar e muito menos abandonar apostas seguras, como é o caso da atracção de IDE.

Seguir esse caminho em favor do sector do Turismo, significará a construção de um novo ambiente, capaz de eliminar os principais défices e obstáculos, que têm sido a causa primeira das comprovadas múltiplas insuficiências competitivas, que há décadas ditam o adiamento do nosso futuro e consequentemente catapultar o MINHO para patamares de qualidade inquestionavelmente superior.

O Turismo do Minho tem de se organizar e sonhar bem alto:a quantidade raramente é sinónimo de qualidade; e muito menos de uma qualidade audaz, sofisticada, com capacidade para atrair, seduzir, conquistar, apaixonar…..gente culta e que ama o simples belo.

Antero Filgueiras*

*o autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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