História de devoção “arrepiante” à Senhora d’Agonia contada através imagens de Rui Carvalho
04 Agosto 2020, 17:50
Está patente, até 31 de agosto, no Estação Viana Shopping a exposição fotográfica Mater, do fotógrafo e designer vianense Rui Carvalho. A história "arrepiante" da devoção da ribeira de Viana do Castelo à Senhora d'Agonia, é transmitida pelas fotografias expostas de um dos momentos "mais fortes" das festas da cidade.
Viana do Castelo entrou em agosto, pela primeira vez em 248 anos, sem viver nas ruas a festa que nasceu para honrar a “Mater”, padroeira dos pescadores.
A veneração à padroeira dos homens do mar, que se cumpre há mais de meio século, “entranha-se mesmo que não se seja da Ribeira”. Para Rui Carvalho, que fotografa a romaria da capital do Alto Minho desde 2004, é “um dos momentos mais fortes e intensos”.
Neto e filho de fotógrafos da cidade, Rui, de 43 anos, assina a “Mater”.
“Há várias imagens que passam a carga emocional presente naquele momento [procissão ao mar]. É um momento muito pessoal. Há ali toda uma história de vida por trás. De pessoas que perderam familiares no mar, de quando os barcos querem entrar na barra e a coisa corre mal, é para a santa que se viram. Isso sente-se na imagem”, contou Rui Carvalho.
O culto à Senhora d’Agonia tem a sua primeira referência escrita em 1744. Já a procissão ao rio e ao mar, em sua honra, cumpre-se sempre a 20 de agosto, desde 1968.
Este ano, por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus, será celebrado presencialmente na igreja de Nossa Senhora d’Agonia, mas com limitações.
A “narrativa” construída pelas imagens de Rui conta uma história de “envolvência” da ribeira “no antes, durante e depois” da procissão ao mar, desde “a preparação dos tapetes floridos, nas semanas que antecedem a romaria, à noite dos tapetes, à procissão ao mar, ao regresso do mar, com a passagem do andor pelas ruas da ribeira no regresso à igreja”.
“Há uma relação entre a ribeira e a Santa, e a Santa e a ribeira, que é muito especial. Em certas famílias nota-se que é muito sentido. Devido até, dia-a-dia, ao andarem no mar, às dificuldades que sentem. Não é propriamente o dia da festa que é importante para a ribeira, é o ano todo. Se calhar, o dia da festa é quando as emoções vêm a flor da pele”, referiu.
Daquela relação nasceu o nome da exposição: “Mater porque é a mãe que cuida dos pescadores, daquela comunidade e dos vianenses”. A mostra, no âmbito do projeto “Pulsar Viana”, é promovida pelo centro comercial da cidade.
Fotos: Rádio Alto Minho/DR