Novo açude de Ponte de Lima tem escada de peixes “única no país”

A construção do novo açude de Ponte de Lima, investimento de 600 mil euros a concluir nas próximas semanas, inclui uma escada de peixes, que os técnicos dizem ser “única no país”, para permitir a passagem das espécies migradoras.

De acordo com o responsável municipal pela obra, aquela estrutura, composta “por pedras desencontradas para facilitar a passagem dos peixes”, foi concebida com base em projetos internacionais, e coordenada pelo Instituto Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

“A informação que os técnicos do ICNF nos transmitiram é que esta escada de peixes é única no país. Foi uma obra de grande exigência, em que as pedras da escada foram colocadas ao centímetro. A estrutura cria turbulência nas águas do rio o que facilita a passagem dos peixes”, explicou hoje o engenheiro camarário responsável pelo acompanhamento da obra, Rogério Pereira.

Aquele técnico falava, hoje de manhã durante uma visita, promovida pela Câmara Municipal, às obras de construção do novo açude que deverão estar concluídas “dentro de duas a três semanas”.

A intervenção, iniciada em julho, incluiu o desassoreamento do rio Lima, com a “deslocalização, do leito do rio para jusante do açude, de milhares de metros cúbicos de areia”, num investimento superior a 74 mil euros, e a “reconstrução do açude inicial”, orçado em mais de 447 mil euros.

O presidente da Câmara Municipal, Vítor Mendes, justificou as empreitadas com a necessidade de criar condições de treino aos atletas do Clube Náutico de Ponte de Lima e para a dinamização turístico náutico do concelho.

O investimento, que “vai ter enorme retorno” para Ponte de Lima, assegurou, “está a ser suportado pelo orçamento municipal”, por “ainda não ter sido aprovada a candidatura que o município submeteu aos fundos de apoio aos recursos hídricos”.

“Espero que o governo tenha sensibilidade para poder financiar este projeto, que é de enorme justiça, porque vai apoiar o melhor clube de Portugal – Clube Náutico de Ponte de Lima – e a economia local”, sublinhou aos jornalistas o autarca do CDS-PP durante a visita àquela empreitada.

Vítor Mendes lamentou que o desassoreamento do rio Lima, realizada em simultâneo com a reconstrução do açude, tenha sido uma “luta de mais de dez anos”.

“Foram mais de dez anos em que tivemos muitos políticos a prometer resolver uma questão meramente burocrática”, criticou, lamentando “a existência de muitas dificuldades, por parte da administração central, para poder concretizar objetivos fundamentais ao desenvolvimento do desporto e da própria economia local”.

O autarca realçou “a enorme dificuldade” em conseguir os pareceres necessários para construção do novo açude, garantindo que aquela intervenção “foi muito suada”.

Assegurou ainda que os trabalhos realizados no rio Lima, “em nada comprometeram os ecossistemas naturais” do concelho.

“É possível compatibilizar o interesse das atividades, do desporto, da cultura, e da economia com a preservação das nossas condições ambientais”.