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O fraco rei faz fraca a forte gente….um Almirante faz a frota navegar

Luís Sottomaior Braga

13 Julho 2021, 9:00

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O vice almirante que comanda a task force da vacinação está em destaque nos últimos dias. É um servidor do Estado e militar e isso dá também nas vistas num país em que a opinião pública associa os servidores públicos a ineficiência e atrapalhação.

E não é a eficiência na gestão de uma tarefa pública que deve causar surpresa. Aquilo que é surpreendente (ou talvez não, dada a importância do assunto) é que a população esteja a reparar na qualidade que é possível ter na execução de tarefas de serviço público.

Nos últimos dias, atingiram-se 70% da população adulta vacinada com pelo menos uma dose e houve dias em que se atingiu o número alucinante de 170 mil doses administradas (para um objetivo que era à partida de 100 mil/dia).

E isto é obra não só da liderança (palavra que detesto pela carga mitológica e ideológica que carrega) mas muito da capacidade de trabalho dos outros servidores públicos que, anónimos, estão a trabalhar com as agulhas.

E, na boa tradição militar (é uma das virtudes militares) o coordenador da task force tem destacado o trabalho dos seus “soldados” e a qualidade da superação dos objetivos que estão a fazer.

Mas saberá o povo português as condições de trabalho em que algumas dessas pessoas estão a realizar essa tarefa nacional essencial.

Mal pagos (há enfermeiros a receber menos de 1000 euros), precários (contratos de meses e sem perspetiva de continuidade) e desconsiderados.

Avaliados com quotas, que resultam em que, mesmo os que estão na carreira, e forem realmente muito bons (e têm sido) nunca subirão os 50 ou 60 euros mensais de um escalão senão de 10 em 10 anos, fruto de um sistema que diz que “realça o mérito” mas, na verdade, está feito para o limitar e até desincentivar e poupar.

E isto vale para os polícias, que guardam os centros de vacinação, os assistentes técnicos, que gerem as bases de dados, os enfermeiros que vacinam e os assistentes operacionais, que garantem a limpeza.

O vice-almirante ganha bem, tem carreira, estatuto social mas não faria nada sozinho.

Os cidadãos reparam nele e na sua capacidade efetiva de organizar. Que se evidencia também porque não é um boy, mas um técnico muito qualificado e experiente. Que vem de uma carreira estável que tem estatuto social protegido e em que o mérito é essencial (ninguém chega a Almirante sem cursos e sem antes sentir o que é ser recruta).

Esse é o seu capital face aos gestores habituais de muitos serviços públicos: boys, sem experiência ou formação, que arranjam o currículo por via do cartão partidário ou da proximidade a certos dirigentes políticos.

Um tema que os cidadãos não querem discutir porque é técnico e aborrecido, mas que é a causa fundamental de o nosso Estado ter tantos problemas como organização.

Afinal, fracos reis, duques ou condes fazem fraca a forte gente.

E bem forte tem sido a gente que nos está a fazer superar os objetivos de vacinação.

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