Onze últimos “resistentes” no prédio Coutinho ficam hoje sem gás
25 Junho 2019, 10:57
Agostinho Correia, um dos últimos 11 "resistentes" no prédio Coutinho já sabe que hoje vai ficar sem fornecimento de gás depois de, ontem, ter sido cortada a água. Reconhece ser "difícil" continuar a "fazer vida" no edifício, mas o empresário de 88 anos garantiu que "não vai entregar as chaves da casa" à VianaPolis.
“Não tenho água para fazer o pequeno-almoço e tomar banho. Assim é impossível. O meu filho trouxe-me um garrafão de água para lavar a cara, mas tomar banho é impossível. Hoje vão cortar o gás e depois a luz. Não posso fazer vida em casa, mas não entrego a chave”, afirmou esta manhã.
Agostinho Correia vive há 30 no edifício Jardim. Na segunda-feira, ele e mais dez moradores recusaram entregar a chave das habitações à VianaPolis, no prazo fixado pela sociedade que gere o programa Polis, para tomar posse administrativa das últimas frações do edifício.
“É horrível, querem-me tirar a casa que eu paguei. Ainda por cima com a minha mulher tão doente no hospital”, lamentou.
Apesar de admitir a “falta de condições” para viver no apartamento garantiu que vai “resistir”.
“Vou continuar a resistir mas não posso fazer vida lá. Vou lá dormir e mais nada. Entregar as chaves não entrego. É um absurdo, querem pôr-me fora da minha casa, querem dar-me uma indemnização ridícula e não pode ser”, frisou.
O empresário disse ter “uma segunda habitação, mas muito longe do negócio”.
“Há 18 anos que andamos nesta luta pelas nossas casas. E agora foi de qualquer maneira, com estas cenas aqui, polícia. Têm seguranças nas duas portas”, referiu.