Médicos e enfermeiros de emergência apontam “desinvestimento do INEM” como um dos factores da inoperacionalidade das VMER
11 Maio 2022, 13:53
A Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência (APEMERG) veio hoje a público apontar como uma das razões para a inoperacionalidade das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) o "desinvestimento do INEM".
Aliás a APEMERG teme que as notícias sobre a inoperacionalidade das VMER seja “tentativa de aproveitamento gratuito e infundado para justificar a sua extinção baseada em argumentos desajustados e carregados de falsa retórica”.
“A inoperacionalidade das VMER é produto de inúmeras variáveis, sendo uma das principais o desinvestimento por parte do INEM nesta tipologia de meios, deixando à mercê dos hospitais a total responsabilidade de recursos humanos, que obviamente fica refém da heterogeneidade de decisão e visão estratégica para o pré-hospitalar que essas instituições de saúde têm”, diz a APEMERG, para quem este papel cabia ao INEM, “que não deveria estar sujeito a uma política falhada de outsoursing de um dos meios mais diferenciados”.
No entanto a APEMERG não se limita apontar o problema, mas dá um caminho para uma possível solução.
“Tendo em conta que o mapa de pessoal de médicos do INEM foi reforçado substancialmente em relação ao passado, seria recorrer a parcerias com os hospitais, como forma de colmatar deficits pontuais que neste existem”, destacam.
A APEMERG alerta também para a idade e desgaste significativo do parque automóvel que operacionaliza as VMER.
“É muito elevado o que implica numerosas horas de paragem dos meios por avarias mecânicas que impossibilitam diretamente o socorro e acrescentando ainda insegurança e ineficácia ao mesmo. A inoperacionalidade global apontada às VMER, cria um ruido que tenta tapar a verdadeira realidade”, afirmam.
Consultando o relatório de 2020 do INEM constata-se que a média de inoperacionalidade das VMER em 2019 e 2020 se situa abaixo dos 1%. As SIV (ambulâncias de suporte imediato de vida tripuladas por enfermeiro e técnico de emergência), no mesmo período de tempo, apresentam uma média de 0,4% de inoperacionalidade contrastando com os 10% e 22,97% em 2019 e 2020 respetivamente, apresentados pelas ambulâncias de emergência médica tripuladas por técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH).
“Tendo em conta os dados supracitados poderemos chegar a uma possível oportunidade economicamente mais viável, e há muito identificada, de se aumentar a rede de ambulâncias SIV. Assim seria possível melhorar a qualidade do socorro com uma equipa composta por uma tripulação mais diferenciada e ao mesmo tempo expandir a tipologia e conceito SIV às corporações de bombeiros como parceiro inquestionável do sistema integrado de emergência médica”, frisam.
“O caminho da indiferenciação que algumas notícias alavancam e pelas quais são também responsáveis alguns intervenientes do SIEM não garantem a sustentabilidade e segurança da emergência. O sistema integrado de emergência médica (SIEM) necessita de todos os seus intervenientes com mais e melhor formação. A segurança da população não pode ser posta em causa e a emergência em Portugal necessita de um INEM responsável, mais e melhor regulador, com uma emergência centrada nas classes com maior diferenciação, um CODU reformulado e mais robusto”, vaticinam.
O que é uma VMER?
A segurança dos cidadãos é uma das principais preocupações da APEMERG, defendendo sempre, baseado nos seus desígnios, o aumento de competências de todos os elementos que diariamente constituem o socorro em Portugal, e não a extinção de classes profissionais para crescimento de outras.
As VMER são meios de suporte avançado de vida localizados nas urgências hospitalares polivalentes e médico-cirúrgicas.
São tripulados por médico e enfermeiro, representando logo aí uma mais-valia no socorro das populações dada a inquestionável, reconhecida e superior formação académica dos profissionais que a constituem.